O fotógrafo apaixonado
O fotógrafo apaixonado Suas lentes eram dotadas da capacidade de captar os mais distintos detalhes daqueles raios brilhantes que emanavam de seu corpo. Sob a luz da lua, refratava a luz branca que descia noite adentro, desde a camada mais estratosférica dos céus, até chegar em seu corpo banhado pelo mar e expandir-se em várias direções, tal como um diamante na mira de um feixe de luz. O fotógrafo apaixonado era incansável. Fosse sob a luz da lua cheia ou do sol vespertino, tudo o que precisava ouvir era: “me entrego ao seu olhar” – bastava essa entrega, esse ato firme de confiança total de seu amado, para que empunhasse sua câmera, levando-a diante de seu olho direito, o preferido, e esperava o momento certo para capturar em uma fração de segundo alguma imagem que entraria para a eternidade. Não era preciso ter pressa. Não se devia forçar o tempo, andar logo, andar depressa, sob a égide de um medo de perder o momento. Ou do amado se ansiar por uma garantia de que o momento havia ...